Ruínas e Retorno

         Amar sozinha é igual dançar com sombras no salão vazio do esquecimento. Parecia que éramos dois, mas era só eu - sustentando um castelo de ilusões, pedra por pedra, até ele desmoronar sobre mim. Cobrei presença e recebi silêncio. Ofereci alma, e fui tratada igual peso. Pedi um pouco mais... e fui banida.

    Ele partiu sem olhar para trás, e, como criatura  sedenta de novidade, correu para outro colo. Fez promessas ali que dizia não estar pronto para cumprir comigo. Não foi falta de amor - foi falta de vontade.

   Mas o tempo tem sua justiça, e a escuridão que ele me deixou vai se espalhar, um dia, nos caminhos que ele mesmo escolheu. A lei do retorno não falha - o que se faz com descaso, volta com intensidade. O abandono volta igual ausência, a mentira volta igual solidão, e o desprezo... volta igual dor.

         Fiquei presa na torre do "quase", mas aprendi: quem joga com o coração alheio, colhe ruínas onde esperava jardins.

Eu? Queimei em silêncio, mas das cinzas nascem as criaturas mais fortes. 

   Que minha dor sirva de alerta. Que minha entrega se torne maldição para quem zombou dela.

    E que o amor, quando voltar a mim, venha limpo, profundo, e eterno - igual eu ofereci.




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