O INQUILINO INVISÍVEL

O INQUILINO INVISÍVEL — VERSÃO COM O APARTAMENTO 309

Meus vizinhos do 309 tinham se mudado meses atrás. Eu vi tudo: caixas, cadeiras, roupas… até o eco que sobrou quando o caminhão foi embora. Desde então, o 309 ficou morto, desligado do resto do prédio.

Até ontem.

Passos lentos apareceram no corredor, quase 2h da manhã. Pararam em frente ao 309. E então veio o barulho de algo pesado sendo arrastado lá dentro.

Mas o 309 estava vazio. Eu sabia que estava.

Fui até a porta. Encostei o ouvido.
Silêncio absoluto — um silêncio tão antinatural que parecia estar escutando de volta.

Quando voltei para o meu apartamento, tinha uma folha presa à minha porta:

“Pare de escutar a gente.”

Às 3h17, ouvi a tranca do 309 girar por dentro.
A porta se fechando.
Alguém lá dentro protegendo… seja lá o que fosse.

O síndico jurou que não há ninguém no 309. Que o apartamento está lacrado, sem energia, sem chave liberada a ninguém. Disse que a reserva está guardada com ele. Intacta.

Agora, toda madrugada, a tranca gira outra vez.
Sempre à mesma hora.
E sempre devagar.

E hoje, no olho mágico, eu vi o pior:

A porta do 309 estava aberta.
Totalmente escura por dentro.
E alguma coisa, muito quieta, muito baixa, me encarava de lá.

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