Batata frita de corpo inteiro,
como um corpo queimado pelos pecados da noite.
O sal em minhas mãos
arde como pequenas maldições cristalinas
que se agarram à minha pele
como lembranças que se recusam a morrer.
Verso a verso,
eu desabo,
me fragmento como um espelho antigo
que já refletiu dores demais.
Morro…
sim, morro um pouco
cada vez que desejo o impossível,
cada vez que o mundo escurece
por um único beijo do meu namorado—
beijo que é veneno,
êxtase,
redenção e ruína.
E ali, entre o sal, a fome e o abismo,
sou apenas um ser condenado
a amar com intensidade suficiente
para renascer em cinzas…
toda vez que sua boca toca a minha.


0 Comentários