Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta esmarelecida rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria eu tenho medo horrível a essas marés do passado, com suas quilhas afundadas com meus sucessivos cadáveres amarradas aos mastros e gávas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo, eu venho sempre a tona de todos os naufrágios!
Quando eu morrer e no frescor de lua da casa nova me quedar a sós, deixa-me em paz!
Que lindo a eternidade, amigos mortos para as torturas lentos da expressão!
Eu levarei comigo as madrugadas pôr do sol, algum luar, asas em bando, e um dia a morte há de fitar com espanto os fios de vida que eu urdi.
( Mario Quintana)
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