Poesia

 Quem no meio da negra mata virgem 

Passasse á meia-noite , encontraria

O poeta , o louco , o sonhador demente

Que o seu sono de morte ali dormia.


A lua pelos ramos do arvoredo 

Vinha embater-se no seu rosto ameno.

A fronte estava pálida e pendida,

E seu sono de morte era sereno.


Sua cabeça altiva repousava 

No brando colo de gentil donzela ;

Pranto de sangue a virgem derramava...

Meu Deus , que virgem era aquela !


Era a virgem da santa poesia,

Que chorava o seu último momento;

Só ela derramava um pranto amigo

No cadáver do poeta macilento.


Seu coração não bate ; já gastou -se ;

Chora por ele , ó doce poesia!

Nos seus lábios beijados pela morte 

Está gravado um sorriso de ironia .


Dorme , poeta . Amanhã , quando essas aves 

Entoarem seus hinos na espessura , 

Oh! não acordes!este mundo é triste , 

É melhor descansar na sepultura.


Quem no meio da negra mata virgem

Passasse á meia -noite , encontraria 

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